Ficaríamos surpresos ao saber o que podemos suportar quando não temos escolha.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

IMPOSSIBILIDADE E DESCONTROLE

Força de vontade não é a chave para a forma de viver que almejamos, a entrega é.

- Passei muito tempo tentando forçar as pessoas a serem, fazerem ou sentirem coisas que não são, não querem fazer e preferem não sentir. Nesse processo, enlouqueci a elas e a mim mesma – disse uma mulher em recuperação.
- Passei minha infância tentando fazer de um pai alcoólico, que não amava a si próprio, uma pessoa normal que me amava. Depois, casei-me com um alcoólatra e passei dez anos tentando fazer com que ele parasse de beber.
- Passei anos tentando fazer com que pessoas emocionalmente indisponíveis estivessem emocionalmente presentes para mim. Passei mais anos ainda tentando fazer felizes membros de minha família que estavam contentes em se sentir miseráveis. O que quero dizer é que passei a maior parte da minha vida tentando desesperadamente e em vão fazer o impossível, e me sentia uma fracassada por não conseguir. É como plantar milho e tentar colher feijão. Não é possível!
- Rendo-me à impossibilidade, consigo a presença de espírito para parar de perder tempo e energia tentando mudar e controlar o que não pode ser mudado e controlado. Permiti-me deixar de tentar conseguir o impossível e concentrar-me no que é possível: ser quem sou, amar a mim mesma, sentir o que sinto e fazer o que desejo da minha vida.

Ao nos recuperarmos, aprendemos a parar de lutar com leões, simplesmente porque não podemos vencer. Também aprendemos que quanto mais nos concentramos em controlar e mudar outras pessoas, mais incontrolável nossa vida se torna. Quanto mais nos concentramos em viver nossa própria vida, mais temos uma vida para viver e mais controlável nossa vida se torna.


Do livro “A Linguagem da Liberdade”, de Melody Beattie.

domingo, 8 de janeiro de 2012

O Poder da Validação

Todo mundo é inseguro, sem exceção. Os super-confiantes simplesmente disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes nem colegas de trabalho.
Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran tremia nas bases nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça que já tenha sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira reação do público, é que o ator relaxava e partia tranqüilo para o resto do espetáculo. Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada novo artigo que escrevo e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.
Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros. Trabalharíamos menos, curtiríamos mais a vida, levaríamos a vida mais na esportiva. Mas como reduzir esta insegurança?
Alguns acreditam que estudando mais, ganhando mais, trabalhando mais resolveriam o problema. Ledo engano, por uma simples razão: segurança não depende da gente, depende dos outros. Está totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca é conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.
Segurança depende de um processo que chamo de "validação", embora para os estatísticos o significado seja outro. Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos. Validar alguém seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real, verdadeira, que ela tem valor.
Todos nós precisamos ser validados pelos outros, constantemente. Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou bonita que você seja.
Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: "Você tem significado para mim". Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.
Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a nossa própria insegurança, que não temos tempo para sair validando os outros. Estamos tão preocupados em mostrar que somos o "máximo", que esquecemos de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o "máximo" são eles. Puxamos o saco de quem não gostamos, esquecemos de validar aqueles que admiramos.
Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza o ter e não o ser. Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se ou dominar os outros em busca de poder.
Validação permite que pessoas sejam aceitas pelo que realmente são, e não pelo que gostaríamos que fossem. Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si mesmas e crescerão.
Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de palmas, um beijo, um dedão para cima, um "valeu, cara, valeu".
Você já validou alguém hoje?

Stephen Kanitz