Ficaríamos surpresos ao saber o que podemos suportar quando não temos escolha.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Falando de sentimentos



Não é fácil falar de sentimentos, ainda mais do próprios sentimentos. Fomos habituados a isto. Desde nossos antepassados, buscamos esconder o que sentimos, pois, dependendo do sentimento, podemos passar por fracos, por más pessoas, por pecadores, por impuros, e por aí vai.
Começa pela educação machista que recebemos desde a infância, passada de geração a geração, nos ensinando que homem não chora, que homem que é homem não sente medo, que homem deve revidar às ofensas pra não passar por otário, entre outras coisas.
Na escola concretizamos esse aprendizado, convivendo com os colegas que também compartilham das mesmas idéias machistas repassadas por seus pais.
Se tivemos alguma educação religiosa institucionalizada é que a coisa complicou de vez. Lá deparamos com sérias reprimendas aos sentimentos, pois segundo seus preceitos, sentir raiva, ter orgulho ou vaidade ou desenvolver desejos, por exemplo, é pecado, fruto das nossas imperfeições e das nossas más inclinações, podendo até ser considerada uma influência maligna.
Além da dificuldade pessoal, há também a dificuldade em encontrar quem nos ouça, que aceite a expressão do que sentimos.
Na escola? Na faculdade? No trabalho? Quem aí tem tempo pra ouvir alguém? Estão todos preocupados em competir entre si.
Numa roda de amigos a coisa também não evolui muito, principalmente entre os homens, porque mostrar-se sensível é coisa de “frutinha” ou de quem “tá virando emo” (nada contra o pessoal da franjinha esticada na chapinha, ok?). Apesar de levar vantagem sobre os homens neste ponto, a mulherada também sofre suas restrições ao falar de seus sentimentos com as amigas, porque nem sempre alguma delas está disponível para ouvir ou a que está dificilmente ouve sem emitir um julgamento, menosprezando, diminuindo ou até ridicularizando o sentimento da amiga confidente.
Com isso, podemos concluir que não é mesmo fácil falar de sentimentos, mesmo quando se está disposto a tal. E como expressar o que se sente é fundamental para o autoconhecimento e, consequentemente, ao desenvolvimento emocional, muitos acabam buscando alternativas para esta falta de comunicação sentimental, abrindo o coração e a mente nos espaços virtuais, principalmente nas redes sociais, criando amizades virtuais, onde a falta de contato visual, ao que parece, reduz as restrições que os preconceitos exercem quando existe o contato visual.
Há ainda os que se reúnem em grupos de auto-ajuda para tratar de assuntos específicos. Dentre tantos grupos existentes podemos citar como exemplo o AA (Alcoólicos Anônimos), o NA (Narcóticos Anônimos), o MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas). Todos eles facilitam e incentivam a expressão das dificuldades e dos sentimentos causados pelas vicissitudes que a vida lhes impôs..
Para os que não encontraram nem onde nem como, ou que não conseguem se abrir, por não se sentirem seguros para tal, mesmo em ambiente virtual, mas que sentem precisar de alguém que os ouça, eu indico um serviço humanitário, realizado por voluntários que se dispõem a ouvir a todos, por telefone, pessoalmente ou via chat on-line, chamado CVV, um programa de apoio emocional e de consequente prevenção do suicídio, desenvolvido pelo Centro de Valorização da Vida e espalhado pelas principais cidades brasileiras. Acessando www.cvv.org.br é possível encontrar um posto próximo, o número do telefone para contato e acessar o chat.


Henrique

Um comentário:

  1. Um dos melhores presentes da minha vida foi "passar" por esse aprendizado...

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